20 junho 2007



A ti, jovem, se dirige esta simples reflexão, que te convido a seguir.


Dois mil anos de cristianismo são um longo tempo de graça, de amor de Deus. Francisco de Assis é uma graça de Deus. Homem do século XIII, permanece actual pela sua espiritualidade e pelas suas intuições. Em Jesus e no Espírito, vive intensamente o amor de Deus Pai e descobre a sua gratuidade.
Um dia, diante do seu pai Pietro e do seu bispo Guido, Francisco, despojado de tudo, diz: Pai nosso que estais nos céus. A partir desse momento proclama em alta voz: o Amor não é amado.
Francisco sente-se nas mãos abertas de Deus Pai como um filho nos braços da mãe. Permanece nelas toda a sua vida, sentindo como Deus o forja. O Oleiro modela o seu barro. Nas mãos trabalhadoras e ternas de Deus vê e encontra todos os outros seres criados, com os quais se irmana em virtude da sua origem divina. Descobre como Deus, Pai comum, dá, a cada bocadinho de barro, a vida. E nas criaturas mais pequenas vê também o reflexo do Criador.
Sabe que está nas mãos de Deus por um especial dom do Seu amor. Na liberdade dos filhos de Deus, acolhe todas as coisas criadas como um dom de Deus. Canta a fraternidade universal e a tudo chama irmão ou irmã.
Diz Jesus: Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos (Lc 10,21). Francisco, convertido num homem simples com uma fé cheia de amor, experimenta na contemplação o dom da revelação da divindade de Jesus Cristo. N' Ele descobre o rosto de Deus, num processo de interiorização que o faz viver intensamente o Nascimento, a Paixão, a Eucaristia, a Ressurreição do Senhor.
A peregrinação de Francisco consiste no seguimento dos passos libertadores de Jesus Cristo. Ardendo num amor sem limites, Francisco:
:: Quer viver o Evangelho.
:: Despoja-se de tudo e dá-o aos pobres.
:: Vive o silêncio interior em oração contemplativa.
:: Passa pela purificação do coração.
:: Numa constante conversão aprende a chamar Pai a Deus.
:: Escuta a Palavra de Deus.
:: Juntam-se-lhe irmãos, vivendo em fraternidade.
:: Constrói uma Igreja fraterna e servidora.
:: Deixa-se conduzir pelo Espírito.
Nós, os Capuchinhos, seguidores de Cristo no carisma franciscano, queremos:
:: Seguir Jesus Cristo com espírito evangélico.
:: Abrir-nos à experiência de Deus Pai.
:: Criar e viver a fraternidade.
:: Que os jovens, movidos pelo Espírito, venham partilhar connosco o seguimento evangélico.
:: Pelo compromisso de obediência, estar disponíveis para o serviço da Igreja e da fraternidade humana, até onde nos levar o Espírito.
Às portas do novo milénio, é uma tarefa entusiasmante criar fraternidade e construir a grande família dos filhos e filhas de Deus.
Seria, sem dúvida, uma grande alegria para o coração de Deus Pai se...
:: do coração de cada pessoa saísse frequentemente a eficaz e filial oração: Pai nosso que estais nos céus...
:: derrubássemos as barreiras que nos separam e separam as igrejas cristãs;
:: nos sentíssemos em qualquer lugar irmãos e irmãs pelo facto de sermos filhos e filhas de Deus;
:: trabalhássemos na construção do seu Reino.

Fr. Magí Setó in http://www.capuchinhos.org/